Quem ensina tem de organizar a cabeça de quem aprende.
Já tiveram uma aula em que sentiram que o professor não passou a informação de forma muito clara? e já sentiram o contrário? Ir a uma aula e ouvir a matéria de forma tão clara que tudo parece simples?
Então qual foi a diferença?
Não é fácil transmitir conhecimento de forma a que o aluno compreenda. Nós podemos compreender a matéria e ver as suas ramificações mas, quando a transmitimos, podemos não ser capazes de fazer a ponte com o aluno. É frequente ver especialistas ou atletas serem incapazes de ensinar coisas simples a iniciados. Simplesmente, porque não se conseguem rever na fase de aprendizagem em que os seus alunos estão.
Educar é conduzir os alunos pelo processo todo, um processo que começa no desconhecimento e que termina numa no domínio da matéria.

É aqui que a coisa se torna mais complicada. Como é que eu consigo sair da minha mente e colocar-me na mente de quem não tem o mesmo conhecimento e conduzi-lo até ao ponto que quero?
Por exemplo: preciso de fazer uma apresentação à minha equipa sobre o sucesso que teve o meu projeto.
Começo por onde? Pelo resultado? Pelas etapas? Peles elementos que fizeram com que tudo funcionasse?
Então como é que eu sei se estou a dar o fio condutor certo? Como é que sei se o meu público percebe o que estou a querer explicar?
O "truque" é explicar como se fosse uma história. É começar no início e levar o público a acompanhar as várias fases do processo de descoberta, como se fôssemos nós a passar por ela outra vez.
Isto aplica-se a todo o tipo de passagem de informação. A questão é que nós aprendemos - e pensamos - sob a forma de histórias. Tudo tem de ter um princípio, um meio e um fim. Tem de haver relações, tem de haver um antes, tem de haver um depois. As histórias são jornadas de crescimento e aprender também o é, logo, se percebermos a jornada, percebemos a lição.
Em parte, é por isto que as artes marciais conseguem ser uma boa forma de ensinar uma série de lições, porque existe uma jornada do cinto branco ao cinto preto, porque há a história do aluno que se transformará no Mestre. Sabendo o arco narrativo, sabemos onde nos situamos e que tipo de lições devemos aprender.
Um Instrutor hábil deve saber onde é que o aluno está na sua história e deve dar-lhe a peça que precisa para compreender o passo seguinte. Muitos instrutores e professores fazem o erro de esperar que um novato tenha a mesma capacidade de compreensão de um aluno experiente, tratando-o como um imbecil, incapaz de compreender a matéria ou de fazer a técnica. Contudo, não é o aluno que está desadequado, é a matéria.
É por isto que, quando dou aulas, tento colocar-me na posição do aluno no que toca à sua posição perante o conhecimento que quero transmitir. Posso ter que testar um outro exercício mas sei que estou no ponto certo assim que vejo o aluno sentir-se competente para lidar com o desafio em mãos.
Portanto, a todos os professores, mentores ou, até, pais, que lêem estas palavras, sejam hábeis a transmitir o vosso conhecimento, adequem-no a quem aprende e respeitem o ponto em que os vossos alunos estão na jornada que querem ensinar. Verão que eles vão aprender melhor, mais rapidamente e com mais vontade.
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