Na STAT, temos o compromisso como um dos pilares da Convicção e não é por acaso. A capacidade de nos comprometermos com alguma coisa é, talvez, das forças mais poderosas quando agimos com o mundo. Infelizmente, a maioria das pessoas quer ter convicção e ter motivação mas, faltando-lhes o compromisso, pouco lhes resta para além das intenções.
O compromisso é a capacidade de nos dedicarmos a ações presentes com vista a resultados futuros, é saber que os resultados de amanhã se conquistam hoje, ainda que não sejamos capazes de ver como.
É aqui onde a maioria falha. Todos queremos atingir resultados excepcionais, todos queremos atingir objetivos ambiciosos mas são poucas as vezes que estamos, realmente, dispostos a implementar a mudança necessária. E porquê?

Vejamos, o compromisso é, na verdade, o que liga o estado atual ao objetivo futuro. É o trilho, digamos assim. Sem um objetivo específico, o compromisso torna-se uma prisão. Aliás, a aversão ao compromisso surge, muitas vezes, porque as pessoas não percebem que o compromisso é o veículo necessário para a obtenção de determinados fins e que o compromisso não é o fim em si. Pensemos nas relações amorosas, onde é comum haver um dos parceiros que foge da relação quando esta começa a ficar demasiado séria porque "receiam o compromisso". Ou, então, casamentos que entram em crise que se revêm, apenas, como um casal unido pelo compromisso. O que lhes falta, em ambos os casos, é de perceber para onde estão a ir, faltam-lhes objetivos, sonhos ou qualquer coisa para o qual valha a pena conquistar e, sobretudo, que seja precisa o compromisso entre ambos para lá chegar.
Portanto, o compromisso é, antes de mais, o trilho que nos leva até algum sítio diferente daquele em que estamos atualmente. Isto aplica-se a qualquer compromisso, evidentemente. Não é, apenas o compromisso amoroso. O compromisso para com o treino regular, o compromisso para com as rotinas, para com a estrutura que implementamos, o compromisso com as nossas metas, etc.
Então porque é que é tão difícil comprometermo-nos?
Muito provavelmente porque a ideia de compromisso traz consigo a ideia de sacrifício. É inevitável termos a sensação de que, ao comprometermo-nos com uma coisa, estamos a abdicar de outra. Muitas vezes, a vida faz-nos tomar uma decisão que não é fácil porque nos nos obriga a escolher entre duas coisas de que gostamos ou, pior, entre uma coisa que temos e uma coisa que podemos, ou não, vir a ter.
Quer isto dizer que o compromisso reside nesta tensão entre o conhecido e o desconhecido, entre o que já adquirimos e o que temos de conquistar. A dificuldade do compromisso está na necessidade de desbravar o caminho futuro adentro, sem sabermos, realmente, se iremos lá chegar.
Então como é que o compromisso tem tanta força?
Se formos a pensar, podíamos ir vivendo a vida sem qualquer tipo de compromisso. Íamos tateando os desafios e saltitando entre adversidades, longe de nos comprometermos com quem quer que seja e, ainda menos, connosco próprios. Mas não é assim que funciona, pois não?
Existe uma verdadeira força no compromisso. Uma força transformadora que permite a evolução interior e, na verdade, a mudança exterior, também. É no compromisso que está grande parte do processo de crescimento pessoal, social e empresarial. Mas como? Então e aquilo que se abdica, não se perde no caminho?
Estas são as questões mais difíceis de responder. Uma vida sem compromisso é uma vida superficial, não é? Alguém que vive uma vida inteira sem se ligar a nada ou ninguém não é alguém que sirva de líder ou de inspiração. Porque será?
Voltamos à ideia do sacrifício pois é aqui que está a conquista. No momento em que nos comprometemos com algo e sacrificamos outra parte da nossa vida, estamos preparados para nos entregarmos mais profundamente à nossa missão. O grau de sacrifício define o grau de entrega perante um determinado objetivo. Confiamos mais em alguém que se dedica há muito tempo a um projeto do que alguém acabado de chegar porque a pessoa mais experiente sacrificou mais do que a novata, logo, tem muito mais de si em jogo quando age.
O compromisso e o seu inerente sacrifício dá-nos legitimidade para crescer. Cada pequeno sacrifício que se faz no caminho é uma morte de algo em nós mas é, também, o nascimento de um novo espaço de crescimento.
Na verdade, o compromisso traz-nos uma liberdade que a falta dele não nos permite. Paradoxalmente, quando escolhemos, por exemplo, uma arte marcial para nos desenvolvermos, não estamos a perder todas as outras que não fazemos, estamos a conquistar a possibilidade de evoluir verticalmente num caminho, algo que é impossível quando andamos horizontalmente a experimentar muita coisa.
O compromisso liberta-nos da permanente dúvida limitadora. Ainda no outro dia falava com um amigo meu que procurava fazer uma psicoterapia e ainda não tinha encontrado um terapeuta que gostasse. Expliquei-lhe que estava à procura do terapeuta perfeita como se fosse isso que o fosse tratar. Aquilo que o iria tratar era o processo e não o terapeuta. Entre todos aqueles que conheceu, bastaria escolher um e dedicar-se ao processo. Aí, sim, começaria um caminho de crescimento, até lá, seria apenas uma fuga lateral.
Há muito medo em torno do compromisso. Há o medo da perda, o medo da traição, o medo da frustração e, no fundo, o medo da falha. O que as pessoas não percebem, muitas vezes, é que o sucesso não está no resultado, em si, mas na transformação que acontece no caminho até ele. Transformação esta que é possível graças ao compromisso.
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