Numa altura como estas, andamos à procura de manter a normalidade. Queremos estar bem no trabalho, bem com os nossos filhos, bem com os nossos parceiros mas aquilo que nos sobra é um sentimento avassalador de frustração porque não conseguimos estar plenos e lado algum.
Estar confinados é um problema, não porque estamos limitados à nossa casa, mas porque a nossa casa não está pronta para absorver o resto do nosso mundo.
A nossa casa tem uma função muito específica, uma de recolha, de família. Há coisas que lhe são exclusivas e há muito que nela não tem qualquer cabimento.
Esperamos de nós a capacidade de manter a normalidade num contexto anormal, sentimos que falhamos quando não o conseguimos e e condenamo-nos por estar aquém dos resultados habituais.
É, portanto, fundamental dar um passo atrás em relação à forma como exigimos cumprir com as coisas pequenas e pensar de um ponto de vista mais espaçado, mais distante. Refletir sobre aquilo que realmente importa e concluír que, daqui a uns tempos, não vai importar se cumprimos este ou aquele objetivos, se fizemos este ou aquele artigo ou aquela tabela de excel.
Olhando para trás, não vai importar o que fizemos mas, sim, quem fomos.
Portanto, falhem os objetivos que tiverem de falhar. Produzam o que conseguirem, não o que que precisarem. Percam um pouco a rigidez com os vossos filhos e mimem-nos um bocado. Vejam os dias de forma diferente, uma forma que dê para que sejam vividos e não corridos atrás.
A pandemia pode-nos levar muito mas não nos pode levar com ela. Mantenhamos o foco naquilo que importa, sejamos sãos connosco próprios, sensatos com os outros e, acima de tudo, serenos com as dificuldades que temos de superar.
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