Relativamente aos 6.200€ por aluno.
Poderiam ser 15.000€ por aluno. Se há dinheiro bem gasto é o dinheiro gasto na educação. O Estado não tem de ser 100% eficiente. Tem de abrir escolas em sítios onde não é rentável abrir uma escola. Esse é o papel do Estado-Social e penso que estamos todos de acordo disso.
O problema é que não são 6.200€ por aluno que os contribuintes gastam. Pagam muito mais.
Na verdade, grande parte das pessoas que residem nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, a educação dos filhos é paga através dos seus impostos e, sobretudo, através dos seus ordenados.
Sou Pai de 3 crianças pequenas, pago os meus impostos e, em cima disso, pago a creche aos 3.
Podem achar que pagar a creche é um luxo. Já estou a ouvir as vozes "Ah, este vem-se queixar mas tem os filhinhos na creche é porque PODE!"
Pois mas, como os meus filhos, só em Lisboa, há outras 12 mil crianças que estão em creches privadas, enquanto que, apenas, 5 mil vão a creches públicas.
ou seja, em Lisboa 70% das famílias põem os seus filhos em creches privadas.
outra vez: 70% POR CENTO.
E no Porto, os números são idênticos.
Agora pergunto: é porque podem ou é porque TÊM de fazê-lo?
É verdade que parte destas creches privadas são IPSS mas basta estar no 3º escalão de IRS para pagar quase tanto quanto uma creche 100% privada.
Isto faz sentido?
Sejamos francos. A escola pública devia ter uma função agregadora da sociedade mas o que acontece na prática é o oposto. O fosso social aumenta e só vai para a pública quem não consegue ir para o privado.
Isto não pode ser.
Educação para todos significa que todos, da pré-primária à universidade, têm acesso gratuito às oportunidades. Esta é a génese do Estado-Social e não este ataque aos contribuintes que pagam os tais 6.200€ por aluno e, ainda, vão pagar para os seus filhos estudarem.
Volto a dizer, poderiam ser 15.000 € por aluno mas, então, sejamos coerentes no sistema: Carga fiscal alta e acesso "gratuito" ou carga baixa e acesso proporcional". Agora, carga fiscal alta e acesso pago não pode ser.
O que é que eu faria? Tentava começar por reduzir o stress financeiro das famílias com crianças em idade pré-escolar. É a altura em que, tendencialmente, os pais têm menos capacidades, é quando mais precisam de ajuda
Depois, tentava melhorar a oferta pública para diminuir o fosso. Melhores equipamentos, mais formação, melhores condições.
Finalmente, iria focar em compreender o sistema educativo atual de forma a modernizá-lo e a criar sistemas de inovação internos para que o nosso sistema educativo se tornasse no exemplo a seguir.
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Não procuraria reduzir a oferta privada, apenas garantiria que o contribuinte se sentisse devidamente apoiado pelo sistema para o qual contribui.
Isto era o que eu faria mas eu sou só um cidadão interessado.

Por isto, pergunto porque nos fazem pagar duas vezes pela educação dos nossos filhos?
(números em www.pordata.pt)


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