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Foto do escritorPedro Tânger

histórias.

Vim de Goa tinha quase 14 anos. Acabara de lá viver os mais longos três anos da minha vida.

A minha personalidade deve ter-se formado, em grande parte, por lá. Fui de tudo um pouco. Desde o estranho num mundo estranho, ao pequeno escolhido que todos, na rua, conheciam.

Na altura, viver em Goa era estar muito longe de casa. Não havia a internet que nos ligasse à atualidade do que por cá se passava. Lembro-me de enviar cartas aos meus amigos, na esperança que se lembrassem de mim tanto quanto me faziam falta. É que eu não tinha propriamente amigos lá. Estudava em casa e a minha vida social era maioritariamente passada em recepções oficiais onde me cabia ser a extensão natural do Cônsul-Geral.

Vivi muito naqueles anos. Descobri que o mundo era muito maior do que eu pensava. Que as verdades que eram verdade aqui, não eram assim tão certas por lá.

Quando voltei, era outra pessoa. Cheguei a um Portugal diferente. Afinal era mais pequeno do que eu me lembrava. Havia muitas regras por cá, muitas coisas que eram assim porque sim e questioná-las era quase pecado.

Voltei com o mundo em mim mas sem saber como partilhá-lo. Percebi que tudo eram narrativas que as pessoas se contavam para dar sentido ao mundo mas o que não nos tinham dito, era que tanto fazia se fosse Jesus ou Shiva.

Assim, voltei com a curiosidade de compreender as histórias que nos regem, perceber para que servem e, em última análise, reescrevê-las para um futuro melhor.


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